PORTO VELHO: Projeto batizado de "Hidrate-se" que não tem água
Porto Velho, RO – 06 de dezembro de 2025 – Em um cenário que mistura ironia e indignação, o bebedouro público "Hidrate-se", instalado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano (EMDUR) no Espaço Alternativo – um dos principais pontos de lazer da capital rondoniense –, revela-se uma obra fantasma. Inaugurado há menos de quatro meses pela gestão do prefeito Léo Moraes (Podemos), o equipamento, que prometia água gratuita, gelada e quente para humanos e pets, está seco como o sertão. Fotos recentes compartilhadas por frequentadores do local mostram torneiras vazias e um balde adaptado para animais sem uma gota d'água, transformando o que deveria ser um oásis de hidratação em um monumento ao descaso.
A instalação, anunciada com alarde pela Prefeitura de Porto Velho em agosto de 2025, foi vendida como um marco de sustentabilidade e bem-estar. "Por determinação do prefeito Léo Moraes, além da população, os pets também foram contemplados e contam com um bebedouro adaptado para que se refresquem enquanto passeiam junto aos seus tutores", divulgou o site oficial da prefeitura na época, destacando opções de água quente, gelada e até vapor para refrescar no calor amazônico. O projeto, batizado de "Hidrate-se", integrava uma série de iniciativas da EMDUR para promover o reuso de garrafas e reduzir plásticos descartáveis, com slogans como "Reutilizar é um passo simples para a sustentabilidade" estampados em painéis coloridos ao lado de um golfinho rosa animado. Mas, para os porto-velhenses que frequentam o skate park – lar de pistas de skate, quadras esportivas e áreas verdes –, a realidade é bem menos poética: um equipamento inoperante que acumula poeira e reclamações.
"É uma vergonha. O prefeito inaugurou com foto e tudo, falando em qualidade de vida, e agora nem um pingo de água sai. Levo meu cachorro todo fim de semana, e o coitado fica lambendo o chão seco", desabafou Maria Helena Santos, moradora do bairro Agenor de Carvalho, em contato com a reportagem do RONDONIATOP.COM. Outros usuários, como o skatista local João Pedro Lima, 22 anos, reforçam o coro de frustração: "No calor de 35 graus, a gente vem aqui suado, sedento, e o bebedouro é só enfeite. Cadê a manutenção? Isso é dinheiro público jogado fora". As imagens enviadas por eles, capturadas nesta semana, mostram claramente as torneiras – incluindo as opções para água quente, gelada e para pets – sem fluxo, com o logotipo da "Icehot" (fabricante do equipamento) parecendo zombar da situação.
A denúncia ganha contornos ainda mais graves quando se considera o contexto de Porto Velho, uma cidade que já luta contra problemas crônicos de abastecimento de água. Em outubro de 2024, a seca histórica forçou a Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (CAERD) a distribuir até 1 milhão de litros diários via caminhões-pipa, afetando bairros inteiros e comunidades ribeirinhas. Relatos semelhantes de bebedouros inoperantes surgem em outros pontos da capital, como no Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, onde visitantes reclamam de equipamentos sem manutenção e água imprópria para consumo. "Se nem o museu, que é cartão-postal, tem estrutura básica, o que esperar de um bebedouro novo?", questiona um turista anônimo em vídeo circulante nas redes sociais.
A EMDUR, responsável pela obra, não respondeu aos contatos da reportagem até o fechamento desta matéria. O site oficial da empresa, atualizado em novembro de 2025, menciona "ações de desenvolvimento urbano" e melhorias em praças como a CEU – onde bebedouros foram instalados em março –, mas silencia sobre falhas no skate park. Já a assessoria da Prefeitura limitou-se a prometer "verificação imediata", sem prazos ou detalhes. Tal omissão soa como mais uma página no livro de promessas não cumpridas da gestão Moraes, que assumiu em janeiro de 2025 com discursos de "trabalho firme" e "qualidade de vida". Lembra-se da polêmica da "desinauguração" da rodoviária? Ou das fake news que ele mesmo citou em sua posse? Agora, um bebedouro seco parece ser o novo capítulo de uma administração que prioriza fotos de inauguração sobre funcionalidade real.
Especialistas em gestão pública consultados pela reportagem apontam para falhas estruturais. "Obras como essa exigem planejamento de manutenção contínua, especialmente em climas tropicais onde o desgaste é acelerado. Inaugurar sem prever orçamento para operação é populismo puro", analisa o urbanista rondoniense Carlos Eduardo Ferreira, da Universidade Federal de Rondônia (Unir). Ele cita dados da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), que estimam que 40% dos equipamentos públicos de hidratação no Norte do Brasil falham em menos de um ano por falta de fiscalização.
Enquanto isso, os porto-velhenses seguem refrescando-se como podem: com garrafas plásticas compradas em camelôs ou suando em silêncio. Prefeito Léo Moraes, a bola – ou melhor, a água – está com você. Quando o "Hidrate-se" vai, de fato, hidratar? A população merece mais que slogans e golfinhos cor-de-rosa; merece água correndo, como prometido. O RONDONIATOP.COM cobra providências urgentes e transparência total sobre os custos dessa obra malograda. Fique ligado: vamos fiscalizar até a torneira pingar.
Por Redação RONDONIATOP